Osteoporose pode causar fratura de tornozelo?

As fraturas do tornozelo correspondem à fratura articular mais frequente dos membros inferiores e nas última décadas tem aumentado sua prevalência e severidade, especialmente na população mais idosa. Com um aumento em número de idosos, do nível de atividade e da incidência de osteoporose, a previsão é que o número de fraturas de tornozelo na população geriátrica triplique nas próximas três décadas.No estudo multicêntrico GLOW (1), publicado este ano, foi estudada uma população grande, buscando a correlação entre peso, altura, IMC e focos de fratura. Verificou-se que a obesidade é um fator que aumenta o risco de fraturas do tornozelo e úmero proximal, assim como diminui os riscos de fraturas do quadril. Outros estudos já relataram esta característica, que as fraturas do tornozelo não apresentam aumento de incidência em relação à baixa densidade mineral óssea (osteoporose) mas sim com a obesidade (2). Geralmente sendo relacionado à maior energia e força torsional no momento do trauma.A abordagem atual para este tipo de fratura na população em geral inclui o princípio da restauração anatômica da articulação do tornozelo com fixação rígida, para permitir mobilização precoce e boa recuperação funcional.Atingir um resultado satisfatório depois de fraturas com desvio de tornozelo na população geriátrica é essencial para reduzir a morbidade provocada pela imobilidade. A melhor abordagem destes pacientes continua sendo controversa, na medida em que alguns autores consideram inaceitáveis os riscos da redução aberta e fixação interna, tais como as condições de pele ruins, diminuição da vascularização e condições clínicas co-existentes.O que os estudos (3) mostram hoje é que a população geriátrica não apresenta aumento significativo no número de complicações pós operatórias. Assim, pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico das fraturas de tornozelo têm uma recuperação funcional melhor e mais rápida do que aqueles submetidos ao tratamento não-cirúrgico destas fraturas. A complicação pós operatória mais frequentemente relatada é a deiscência de ferida operatória que, ainda assim, é mais incidente em pacientes com diabete melito do que em pacientes sem comorbidades. A fixação pode ser realizada com placas bloqueadas ou não bloqueadas. Apesar da superioridade das placas bloqueadas na fixação das fraturas de úmero proximal e fêmur, esta característica não se mostrou fundamental na fixação das fraturas de tornozelo. A liberação de carga ocorreu em duas semanas de pós –operatório sem o aumento na incidência de falha do material.Em resumo, as fraturas de tornozelo aumentam em até três vezes após os 60 anos de idade, entretanto, nenhum estudo demonstrou relação direta entre este tipo de fratura e a diminuição da densidade mineral óssea. Apesar das complicações do tratamento cirúrgico, este se apresenta vantajoso na recuperação mais rápida do paciente, tendo que ser ponderadas as suas condições clínicas, em especial o diabete melito, responsável por um atraso na cicatrização da ferida cirúrgica.

Escrito por Tania Szejnfeld Mann

Artigo publicado no Jornal Conectividade da ABRASSO Jan/14

Referências

1. Compston et al. Relationship of weight, height, and body mass index with fracture risk at different sites in postmenopausal women: The global longitudinal study of osteoporosis in women (GLOW). J Bone Miner Res (2013) pp. 2. Greenfield DM, Eastell R. Risk Factors for Ankle Fracture. Osteoporos Int (2001) 12:97–103 ß 2001 .3. Lynde MJ , Sautter T, Hamilton GA, Schuberth JM. Complications after open reduction and internal fixation of ankle fractures in the elderly. Foot and Ankle Surgery, Volume 18, Issue 2, June 2012, Pages 103-107

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